A palavra “NEGÃO”

Texto escrito em 4 de Dezembro de 2016 (https://www.facebook.com/lucasjdias/posts/1263617890351129)

Josué Dias
2 min readMay 1, 2017

Eu, pessoalmente, não gosto de ser chamado de negão. Se a pessoa tiver intimidade eu não vou reclamar, mas se não tiver, eu fecho a cara mesmo e compartilho da opinião do vídeo do DMN: Prefiro que me chamem pelo nome.

No comentário do J. J. ele faz um paralelo da palavra negão com a palavra nigga. Apesar do sons serem parecidos, as duas palavras tem significados e aplicações diferentes. Enquanto que o NIGGA é uma palavra que foi derivada do NIGGER, ela foi ressignificada pra que os negros nos EUA se apropriassem dela. A palavra NIGGER era usada como a forma mais pejorativa pra se chamar um negro nos EUA.

Já as palavras NEGÃO e NEGONA são palavras ligadas a outra coisa: a hipersexualização do corpo negro. Quando a gente fala de negão vem na cabeça de todo mundo um homem negro alto, musculoso, meio bruto, máquina de sexo com um pênis de 30 cm. E quando falamos negona geralmente é pra nos referir a uma mulher negra de bunda e peito grande.

Talvez a semelhança das duas palavras seja sobre quem pode e quem não pode usar. Entre negros é ok, é de boa. vinda e um branco talvez não se torne tão de boa assim a depender da pessoa.

Eu acho que a palavra negão é um reforço a esse estereótipo de homem negro hipersexualizado. É só ver os comentários de várias pessoas brancas em fotos de homens negros dizendo “hummm como eu adoro um NEGÃO”. É coisificação. É literalmente dizer que o cara não é nada mais do que uma máquina de sexo pronta pra servir a pessoa do jeito e quando ela quiser. Esse estereótipo é muito danoso pra construção da auto estima do homem negro, porque ele vai acreditar que a única validação dele vai ser dada através do sexo, através do pinto de 30 cm dele, negando assim a possibilidade de afetividade ao homem negro.

Mas vocês não precisam acreditar em mim, é só dar uma lida em artigos sobre a sexualização do corpo negro, sobre construção da masculinidade do homem negro. Eles com certeza vão falar melhor do que eu sobre isso e até corrigir algum erro no que eu venha a dizer.

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Josué Dias

Não é pra levar nada que tá escrito aqui a sério, mas se quiser pode.