A tempestade

Conto escrito em 2009 (não vou lembrar a data, mas eu lembro que ele ganhou um prêmio na escola que eu estudava).

Josué Dias
3 min readJun 21, 2019

Lá estava eu. Sozinho. À noite no meu barco. Estava há mais de dez dias sem ter contato com a civilização. E também há mais de dez dias do meu próximo destino.

A comida era o suficiente para me manter o resto do tempo que faltava para a próxima parada. O mar estava calmo. O vento estava ao meu favor. Com as velas estendidas, rumava com bastante velocidade. Em meio à calmaria lembrei porque sai de barco… Explorar o mundo. Era um sonho de infância. Sempre fui apaixonado por barcos.

Ops… Que falta de educação a minha. Esqueci de me apresentar. Eu sou o capitão Tonho. Eu me auto-intitulei capitão já que comando sozinho o barco. Mas enfim… Continuando a história.

Eu me encontrava em meio ao grande, profundo e vasto (muito, muito vasto mesmo) oceano. Meu barco era pequeno, dava para no máximo mais duas pessoas comigo, mas eu não queria companhia essa era uma aventura apenas minha. Precisava desse tempo para mim.

Mas algo não parecia está certo. O vento parou de repente, o mar que tinha se agitado, ficou calmo. Estava no mar tempo o suficiente para que aquilo me dissesse que algo ruim estava por vir. A luz do meu barco não era muito forte, mas me servia. Então eu a apontei para o alto e vi.

Era a maior e mais maciça quantidade de nuvens se formando. Parecia que adquirira vida, ia crescendo como a massa de pão que mamãe fazia nas tardes de domingo… Ahn… como eu adorava aquele pão… E então… um forte solavanco balançou o barco e quase caí na água. Quando me recompus pude perceber que era um cardume de baleias que nadavam para o outro lado da tempestade. Imediatamente lembrei-me da historia de Moby Dick que meu pai me contava para dormir, como eu adorava aquela história.

Um trovão braniu no céu, me arrancando do devaneio e trazendo de volta à minha dura realidade, que era essa tempestade como eu nunca vi em todo tempo que estava no mar.

Os ventos voltaram. Só que dessa vez contra o meu barco, me empurrando para trás. Eu corri até o mastro e icei a vela de volta, eu podia ligar agora os motores e tentar sobreviver à tempestade. O mar estava revolto demais. Quanto mais avançava contra a tempestade cada vez mais as ondas iam ficando maiores.

E a tempestade ia ficando pior, o ventos cada vez mais gelados e cortantes. E o céu explodia em relâmpagos e trovões cada vez mais altos e mais fortes. E o momento da verdade estava chegando. Quando uma onda enorme se formava em minha frente. Era a natureza contra a minha inexperiência.

A onda? Quinze metros, não, vinte, trinta metros! Minha situação? Mais desesperado que torcedor de time de futebol que está pra ser rebaixado.

A onda tomava forma e ficava cada vez mais alta e maior e mais assustadora possível. Eu fechei os meus olhos e a minha vida passou em minha frente como nos filmes que todos vêem antes de morrer. Quando a onde desabou sobre mim eu ouvi alguém me chamando:

-Tonho! Tonho!

Não acreditava naquilo. Mas eu ouço algo completando o chamado:

-Sai logo desse banho menino!

Era a minha mãe, me tirando da minha brincadeira. Meu nome é Tonho, tenho 8 anos e foi assim que minha mãe acabou com minha brincadeira.

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Josué Dias

Não é pra levar nada que tá escrito aqui a sério, mas se quiser pode.